Review: O Escândalo (2020)
por Ed Jr. O Escândalo (Bombshell), dirigido por Jay Roach (“Os Candidatos”, “Trumbo – Lista Negra”), é uma dramatização do escândalo norte-americano, exposto em 2016, dos assédios praticados por Roger […]
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por Ed Jr. O Escândalo (Bombshell), dirigido por Jay Roach (“Os Candidatos”, “Trumbo – Lista Negra”), é uma dramatização do escândalo norte-americano, exposto em 2016, dos assédios praticados por Roger […]
por Ed Jr.
O Escândalo (Bombshell), dirigido por Jay Roach (“Os Candidatos”, “Trumbo – Lista Negra”), é uma dramatização do escândalo norte-americano, exposto em 2016, dos assédios praticados por Roger Ailes, figura importante no mundo da televisão.
A produção mostra a queda de Ailes (John Lithgow, “Interestelar”, “Cemitério Maldito”), um gigante do telejornalismo e antigo CEO da Fox News, após ter seu poder, ética e caráter questionados quando um grupo de mulheres, lideradas pela apresentadora Gretchen Carlson (Nicole Kidman, “As horas”, “Os Outros”), o acusa de assédio sexual – comprovado! – no ambiente de trabalho.
Também fazem parte do elenco: Charlize Theron (“Monster: Desejo Assassino”), Margot Robbie (“Eu, Tonya”), Kate McKinnon (“Meu Ex é um Espião”), Allison Janney (“Eu, Tonya”), Malcolm McDowell (“Halloween: O Início”), Connie Britton (“American Ultra: Armados e Alucinados”), entre outros.
Filmes com mensagens de luta contra qualquer tipo de discriminação sempre serão necessários e dignos de aplauso. O Escândalo até mostra algumas dificuldades enfrentadas pelas mulheres em um ambiente chefiado por homens (Ailes, no caso da Fox News) e predominantemente machista, no entanto, a produção se perde ao longo do seu próprio tom.
De início, o diretor Jay Roach, numa sátira aos formatos de reality show, nos apresenta o prédio da Fox News em um tour com Megyn Kelly (Charlize Theron). A ‘ousadia’ continua com quebras de quarta parede e zooms ao melhor estilo “The Office”. Infelizmente, a ideia de descontração não funciona e boa parte do filme beira o mockumentary*.
É nessa questão que O Escândalo falha gravemente. Os acontecimentos narrados ali não são engraçados e de maneira alguma podem fazer parte de uma comédia! Roger Ailes não é ‘apenas’ um idoso tarado, cheio de manias e paranoico, ou seja, ele não deve ser tratado como um mero personagem polêmico, e sim como o criminoso que é.
Assim como o personagem vivido por Lithgow, as personagens de Theron e Kidman também são reduzidas, mas à meras protagonistas, com poucos momentos de aprofundamento. A produção traz Theron como a heroína e Kidman como o estopim que inicia a queda, mas peca ao não mostrar mais das complexidades e dos conflitos que ambas viveram para enfrentar toda a cadeia de poder da emissora.
Ainda que as personagens sejam medianas, as atuações da dupla são seguras e sem falhas. Theron e Kidman são atrizes espetaculares e praticamente salvam o filme. Margot Robbie (a personagem, infestada de clichês, interpretada por ela é fictícia) e Lithgow vivem papéis quase caricatos, mas cumprem bem o que se espera deles, em especial nessa dinâmica de inocência e perversão.
Enfim, O Escândalo deveria ser um filme sobre a luta das mulheres contra o poder machista, mostrando como as vítimas são minimizadas e os homens, em geral ricos e famosos, são protegidos. O assunto dá espaço para fazer uma ótima crítica, embasada e aprofundada, mas a produção não consegue explorar a dimensão do ocorrido e se torna apenas mais um filme genérico com pouca coisa a acrescentar.
Nota: 5/10
*estilo de filme de comédia apresentado como um documentário. Uma sátira/paródia de supostos eventos reais.