Review: Liga da Justiça (2017)
Por Fernando Booyou Liga da Justiça. Mais uma vez a DC sendo decepcionante. Vamos ser honestos? Liga da Justiça é sim ruim. Apesar de ainda haver […]
Filmes, seriados e mais!
Por Fernando Booyou Liga da Justiça. Mais uma vez a DC sendo decepcionante. Vamos ser honestos? Liga da Justiça é sim ruim. Apesar de ainda haver […]
Por Fernando Booyou
Liga da Justiça. Mais uma vez a DC sendo decepcionante.
Vamos ser honestos? Liga da Justiça é sim ruim. Apesar de ainda haver muita gente protegendo quem deveria nos proteger, sim, este é um filme medíocre. Essa a palavra. Medíocre, mediano, mais ou menos, melhor deixar para ver em casa, ainda mais se considerar os atuais preços do cinema: R$ 39,00 (durante a semana. Final de semana é ainda mais caro) para ver o mesmo filme que você já assistiu reciclado desde os anos 80, mas agora em 3D. Resultado foi uma estreia nos EUA com rendimento abaixo do esperado. E o segundo final de semana promete ser ainda mais fraco. Quem está salvando a DC no cinema? O Brasil. O mesmo País que precisa ser salvo, hoje é o que salva os heróis da DC. Estamos salvando junto com os chineses. Pelo visto, ambos países são devotos por conta da nostalgia, movidos pelo sonho de poder ver seus heróis de infância agora em um filme. O problema é quando nossos heróis são melhores apenas nos sonhos. Por sinal, é este sonho que motiva as pessoas tentarem enxergar o que existe de bom no filme. Mas se realmente acordarmos, vemos que a realidade é outra.
O resumo é o mais padrão possível. Surge uma ameaça. Heróis são requisitados. Sempre tem aqueles que não aceitam inicialmente o chamado e que depois mudam de ideia porque a ameaça é maior. Agora, eles precisam se unir. Eles não vencem de primeira, mas algo surge e assim, com esperança renovada, eles finalmente conseguem derrotar o inimigo. Impossível existir alguém que nunca assistiu a essa exata história. Dentro do estúdio, o medo de mais um fracasso transformou o maior grupo de heróis que já existiu em um “papai-mamãe” de luz apagada. Nada excitante. A conseqüência é que a Liga da Justiça inteira apanhou até do Thor. Veja bem, os maiores heróis de todos os tempos reunidos apanharam do herói que não é líder nem da Série B da Marvel. Em sua estreia nos EUA, Thor: Ragnarok arrecadou US$ 121 milhões, enquanto Batman, Superman, Mulher Maravilha, Flash, Cyborg e Aquaman juntos não passaram dos US$ 94 milhões, com previsão para o segundo final de semana de US$ 60 milhões, sendo que cada um destes sozinhos, tecnicamente, teriam condições de arrecadar mais que isso. Aliás, o desempenho foi abaixo mesmo se comparado com todos os filmes da nova fase do próprio estúdio, perdendo também para Mulher Maravilha, Homem de Aço, Batman Vs Superman e até do famigerado Esquadrão Suicida. Em grupo, eles perdem deles mesmos em separado. E também perdem para qualquer animação já feita da própria Liga. Assistindo Justice League: War (nota 7,5/10) temos um vislumbre de como poderia ter sido.
Além do enredo fraco, tudo colabora para um desenvolvimento pobre. O vilão Lobo da Estepe não tem uma motivação clara e nem um plano muito elaborado. Como em toda história boba e sem profundidade, ele só quer destruir ou dominar o planeta e reunir umas caixas que juntas são ruins. Não dá nem para fazer spoiler de dizer que ele morre no final porque nem isso fica claro. O público não tem ódio ou empatia ou identificação ou qualquer sentimento que seja pelo vilão. Ele é apenas uma ameaça. Simples assim.
Batman é um fanfarrão piadista e otimista (ele até sorri e fica com olhinho brilhando) que fez Adam West da série antiga se revirar no caixão. Diferente de suas origens, ele desfila com seu traje em plena luz do dia como se fosse um gordinho indo para uma festinha de Halloween. Ou seja, furtividade zero. Seus planos, que na essência do personagem são, no mínimo, inteligentes, no filme se resumem a “achismos” e o preparo (sempre presente nas HQ) é praticamente ausente (quem conhece o herói acha inconcebível ele encarar o Superman sem uma Kryptonita no bat-cinto). Usando tiradas dignas de Tony Stark, ele é como o Homem de Ferro da Marvel: faz piadocas estilo “qual seu poder? Ser rico”, monta a equipe, oferece estrutura, transporte e no final ainda prepara a nova sede para o grupo em um local onde todo mundo sabe quem é o proprietário. Difícil manter a identidade secreta assim.
Também difícil manter a identidade do Superman, uma vez que a Lois, desde o Homem de Aço, não perde uma oportunidade de chamar ele de Clark na frente da polícia, exército, transeunte… uma simples pesquisa no Face dela e você descobre quem é ele. Aliás, Superman é ressuscitado (como se ninguém soubesse que isso fosse acontecer) com o plano mais sem embasamento que poderia ter vindo de qualquer um, menos do Batman. Literalmente, o Homem Morcego, sem nenhuma evidência ou pesquisa no Google e que só descobriu agora a existência das tais “Caixas Maternas”, conclui que se juntar uma Caixa com a tecnologia Kryptoniana poderia trazer o herói de volta a vida. E o Homem de Aço volta transtornado, mas depois fica mais fofo que o Super de Christopher Reeve.
O Cyborg, que este sim conhece mais sobre as Caixas Maternas, nem foi o responsável pela teoria da ressurreição e nem é consultado com um “o que você acha”? Meio homem e meio máquina, Cyborg mais parece meio feito de computação gráfica demais. Tem hora que fica evidente o CG. E todas as cenas que dariam ainda mais profundidade para o personagem foram justo as mais excluídas. O boato é que daria para fazer um filme inteiro só sobre ele.
Flash está no Begin do Begins. Ele ainda não sabe ser herói (o que é meio broxante), divide os momentos de humor com o Batman e quando corre parece que está patinando no gelo. Duvido você não perceber a semelhança ao comparar ele com a boneca Lu Patinadora. O Flash da série, mesmo com orçamento infinitamente inferior, consegue ser melhor.
Aquaman, o protetor dos mares que joga garrafas de uísque no oceano, para não ser retratado como o inútil que todo mundo costuma satirizar nas paródias, foi apresentado como um pinguço marombeiro que só entende de brutalidade. Que também faz piadas (todo mundo faz piada, tudo é uma grande piada. Eles são suuuuuuuper amigos), mas que diversas vezes escuta sempre a mesma “você fala com os peixes?”, e que apesar de ter sangue Atlantis, precisa de uma bolha para poder conversar embaixo d’água.
Mulher Maravilha, a nova queridinha da DC que deu dinheiro mesmo tendo também um filme genérico, é talvez a personagem que tiveram mais cuidado, tudo para manter a grandiosidade da maior representante do empoderamento feminino. Porém, ela nunca se permite assumir a liderança do time (apesar de ser a pessoa mais poderosa e capacitada em cena), sem contar que também ficou sumida por quase 100 anos depois que seu homem morreu.
A constante interferência do estúdio, a fatalidade que tirou o diretor Zack Snyder do corte final, a entrada de Joss Whedon que refilmou diversas cenas, incluindo a inicial que aparece o CG tosco em cima do bigode do Superman (Henry Cavill já estava de bigode nas refilmagens por conta de Missão Impossível 6 e não poderia tirar por motivos contratuais), e um enredo tirado dos VHS de diversos filmes de uma locadora de vídeos falida, tudo isso somado resultou para os fãs a maior reunião desnecessária de heróis que poderia existir. Tem sim diversos momentos divertidos, assim como todo filme lugar comum costuma ter. Mas no final, tudo não passa de uma grande DCpção.
Nota: 5/10