por Ed Jr.

Coringa: Delírio a Dois (“Joker: Folie à Deux”) é um – PASMEM – musical, sequência da premiada produção lançada em 2019 e novamente dirigido por Todd Phillips (trilogia “Se Beber, Não Case!”, “Cães de Guerra”), que nos mostra a “nova” vida do Coringa na prisão enquanto aguarda seu julgamento.

O filme se passa depois dos acontecimentos da obra de 2019, que trouxe Arthur Fleck/Coringa (Joaquin Phoenix, “Napoleão”, “Beau Tem Medo”) como o maior representante de um movimento popular contra a elite de Gotham City. Preso no hospital psiquiátrico de Arkham em virtude de uma série de assassinatos, Arthur acaba conhecendo Harley “Lee” Quinzel (Lady Gaga, “Casa Gucci”, “Nasce Uma Estrela”). A curiosidade mútua se transforma em paixão e obsessão e eles desenvolvem um relacionamento romântico e doentio. Lee e Fleck embarcam em uma desventura alucinada, fervorosa e musical pelo submundo de Gotham City, enquanto o julgamento público do Coringa se desenrola, impactando toda a cidade e suas próprias mentes conturbadas.

O elenco conta ainda com: Brendan Gleeson (“Os Banshees de Inisherin”), Catherine Keener (“Corra!”), Zazie Beetz (“Trem-Bala”), Steve Coogan (“Philomena”), Harry Lawtey (série “Industry”), entre outros.

No primeiro filme, Todd Phillips nos apresentou uma versão inovadora, com camadas mais humanas do vilão mais famoso do universo Batman, mostrando como todos os traumas e desprezos sofridos pelo palhaço foram gatilhos para o desenvolvimento daquela personalidade perturbada. Pois bem… Cinco anos depois, temos em Coringa: Delírio a Dois a esperada continuação e fica claro que, novamente, Phillips tenta sair do lugar-comum. Infelizmente, o novo filme não passa nem perto da qualidade de seu precursor.

Num movimento corajoso (ainda que Phillips não goste de descrever o filme como um musical), o diretor resolve misturar um romance trágico musical com um drama de tribunal. O resultado dessa combinação é uma verdadeira zona bagunça entre a realidade e as mentes de Coringa/Lee, que se expressam por meio de canções. As transições entre os estilos musical e drama não são orgânicas e fluem com quase nenhuma naturalidade, ou seja, parece tudo muito aleatório e sem propósito. Nessa tentativa de unir ideias distintas, o roteiro de Coringa 2 pouco utiliza o potencial que existe ali, tornando-se maçante e cansativo, sem desenvolvimento de trama e de personagens.

De positivo: a fotografia continua muito boa! Gotham City e a prisão de Arkham são sujas e deprimentes, transmitindo um sentimento de isolamento e desconforto que corrobora a melancolia na vida de Arthur Fleck. Além disso, temos também as atuações dos protagonistas. Como era de se esperar, Phoenix entrega novamente um Coringa física e mentalmente perturbado, mas, dessa vez, com o adicional dos números musicais performados em suas fantasias (ainda que eu tenha ressalvas com algumas dessas performances musicais). Lady Gaga cairia como uma luva para representar essa Arlequina cantante, pena que sua personagem tenha sido subutilizada e pouco explorada no filme. Portanto, não resta muito o que falar sobre a atuação da cantora em si, mas vale demais ressaltar sua excelente voz.

Em suma, não podemos negar que, assim como no primeiro filme, Coringa: Delírio a Dois traz uma proposta corajosa, que foge dos clichês de filmes de heróis/vilões. No entanto, somente a tentativa de fugir do comum não salva uma execução malfeita. Tem seus pontos positivos, mas parece, de fato, um delírio coletivo onde um grupo de pessoas se juntou numa sala e se convenceu de que seria uma boa ideia tocar esse projeto dessa forma. Em uma única palavra: desnecessário!

Nota: 5/10

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