Filmes e Tal (est.2010)

Por Johnny

Alerta!!! Esta review contém spoilers bem leves sobre O Castelo de Vidro!! Se você se incomoda com isso, assista o filme primeiro. Geralmente minhas críticas não contém spoilers mas dessa vez foi necessário.

O filme conta a história de Jeanette Walls (Brie Larson, Ella Anderson e Chandler Head), filha de uma família conturbada (leia-se hippie) e nômade. Após várias mudanças, quando eles finalmente param em uma casa reclusa nas montanhas, o relacionamento da família, principalmente com Rex (Woody Harrelson) é posto à prova. Dirigido por Destin Daniel Cretton, com as participações de Naomi Watts, Sarah Snook e Max Greenfield.

Woody Harrelson é um ator que pra mim é 8 ou 80. Só no olhar dele é possível saber exatamente o que se passa na cabeça do personagem dele e ele mostra extrema maestria nos momentos dramáticos, passando a emoção do personagem pro espectador. Brie Larson honestamente me surpreendeu. Eu conheço ela mais pelas comédias românticas (apesar de ter visto ela mandar bem em filmes como Room), então eu não esperava muito dela. Mas ela mandou muito bem, principalmente contracenando com Woody Harrelson. Somente uma cena dela que eu achei meio zuada porque ela praticamente encarnou a personagem padrão de comédia romântica de sessão da tarde, mas tirando essa única cena ela foi genial. Naomi Watts acaba um pouco ofuscada por Woody e Brie mas ainda sim mostra serviço e entrega uma ótima performance. Uma surpresa agradável foi Ella Anderson, que mostrou uma Jeanette jovem fortemente emocional. Atores mirins bons são sempre boas surpresas. Sarah Snook está no filme!! O único filme que eu vi com ela é Predestination (que oscila com o remake de The Girl with the Dragon Tattoo no título de filme favorito de todos os tempos do Johnny) mas é muito legal ver ela de novo e mandando bem!

A história do filme é muito bonita. Talvez um pouco cheia demais de frases de impacto mas mesmo isso tem um payoff depois. Os momentos mais dramáticos são recheados de boas atuações e direção. Todos os arcos dos personagens são muito bem desenvolvidos, dando um destaque especial a personagem principal e o pai dela. Mesmo não concordando com as ações dos pais de Jeanette, o espectador entende perfeitamente o porquê de eles estarem fazendo o que fazem, mostrando o quão bem foram construídos os personagens do filme. Filmes com dinâmica de passado e presente tem o desafio de deixar sempre claro quando é passado e quando é presente. Castelo de Vidro mostra uma boa dinâmica ao conseguir explicitar as mudanças sem precisar utilizar de textos na tela ou coisas do tipo. No começo do filme isso não é tão desafio assim mas chegando nos últimos momentos, principalmente quando os atores do presente e passado são os mesmo, a boa execução destoa de filmes que não sabem lidar com a dinâmica.

Rex no filme começa como um cara meio alternativo mas mais ou menos legal (ele pelo menos mostra muito amor pelos filhos no começo), depois ele vira o pior ser humano da face da terra para no fim do filme ele ser pintado como um cara legal. Isso simplesmente não funciona. As ações dele no final do filme simplesmente não compensam todas as merdas que ele e a mulher fazem durante o longa e o perdão que ele recebe dos filhos soa um tanto quanto incompreensível. A organização do tempo no filme acaba tirando a surpresa de vários pontos do longa, fazendo questionar a decisão de utilizar a dinâmica de passado e presente, por melhor que ela tenha sido executada.

É triste sair do cinema pensando que só de alterar a ordem do filme ele seria bem melhor, mas isso não tira em nada a construção e arcos excelentes dos personagens e as atuações incríveis dignas de indicações.

Nota: 7.5/10