Review: The Dirt – Confissões do Mötley Crüe (2019)
Por Fernando Booyou Se procura um filme para assistir com filhos, avós, papagaio, livre para todos os públicos, não vai ser The Dirt. Putaria, abuso de drogas, rock no talo […]
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Por Fernando Booyou Se procura um filme para assistir com filhos, avós, papagaio, livre para todos os públicos, não vai ser The Dirt. Putaria, abuso de drogas, rock no talo […]
Se procura um filme para assistir com filhos, avós, papagaio, livre para todos os públicos, não vai ser The Dirt. Putaria, abuso de drogas, rock no talo é o que temos aqui. Então f#d@$3!
The Dirt não é para a família. Então, justo que essa resenha também não seja. Já desista aqui se procura uma biografia musical fofinha estilo 2 Filhos de Francisco. O que temos é como realmente era o rock antes dele morrer, perder a diversão e virar somente negócio, feito com
bandas de vida regrada que no camarim a bebida é água Perrier, a comida é macrobiótica e que se comportam de forma exemplar para o público infanto-juvenil. Putaria, drogas, som alto, comportamento subversivo, dedo no cu e gritaria. É o que temos para “ontem” neste filme.
Foda-se!
Acompanhamos no início dos anos 80 o começo do Mötley Crüe, uma das bandas mais icônicas do Glam Metal, estilo que surgia em contraponto ao minimalismo Punk, combinando riffs pesados de guitarra com vocais melódicos e muita, muita, mas muita galhofa com cores,
cabelos aprumados, excesso de laquê, trajes femininos, maquiagens e toda combinação imaginável para tornar o mais andrógino possível os integrantes das bandas. Nessa onda teve Bon Jovi, Whitesnake, Cinderella, Guns. Talvez o Twisted Sister seja o maior exemplo do
visual deste Glitter Rock. E o mais provável é que todas essas bandas reunidas não consumiram metade das drogas que o Crüe usou, menos ainda causaram o tamanho do caos causado por onde eles passaram.
A banda, que encerrou suas atividades em 2015, era mais do que mero integrantes. Cada um traz uma bagagem emocional que cria o vínculo que precisamos para curtir não só toda a fuleragem musical, quanto também a história da banda. No baixo, as escrotidões e overdoses
de Nikki Sixx (Douglas Booth) que teve uma infância fudida com abandono paterno, negligência materna, constante troca de padrastos abusadores. A única coisa que herdou do pai, além do gosto pela música que não conta, foi o nome Franklin Carlton Faranna, que fez
questão de usar um Decreto de Mudança de Nome para se chamar oficialmente de Nikki Sixx.
Na bateria, as escolhas ruins, falta de noção e eterna adolescência do mimado Tommy Lee(Colson “Machine Gun Kelly” Baker), o homem nova-paixão-por-minuto que chega a se casar com a atriz Heather Locklear (Rebekah Graf), mas que estraga tudo. Na vida real, ele teve até
um dos primeiros e mais famosos vídeos que vazaram com a atriz Pamela Anderson de Baywatch. Na guitarra, a atitude foda-se do “velho” (apenas 11 anos do mais novo da banda) Robert “Mick Mars” Deal (Iwan Rheon). Mais maduro, apesar de embarcar na cachaça e
carreiras, está mais preocupado em lutar contra uma doença degenerativa. E completando a banda no vocal, o narcisismo de Vince Neil (Daniel Webber), que acaba tomando (de leve) vergonha na cara depois de um acidente que terminou na morte de Hazzle da banda finlandesa Hanoi Rocks. E é com ele também um dos momentos mais comoventes do filme. Todos com uma vida cheia de altos e baixos relatados pelos próprios integrantes da banda, que são autores do livro e produtores do filme.
A direção é de Jeff Tremaine, que até então só havia dirigido todos os filmes do Jackass. Apesar desta ser sua única experiência em longas, Tremaine consegue um bom equilíbrio entre momentos de humor, apreensão e drama. Ele opta por uma narrativa em primeira
pessoa, alterando o narrador entre os próprios integrantes da banda, com cada um contando sua devida parte da história. Quebrando a quarta parede, eles conversam diretamente com o espectador expondo o que estavam realmente pensando, o que de fato aconteceu ou fazendo piadas do tipo “finalmente vamos falar de mim. Até agora era só ele. O cara tentou botar a mãe na cadeia”. E mesmo perdendo oportunidade de aproveitar melhor alguns instantes, Tremaine consegue dar uma boa medida dramática ao enredo.
De fato, os integrantes do Mötley Crüe estavam nem aí para nada. Viviam cada dia como se fosse (e realmente poderia ser) o último. Doc (David Costabile), o empresário, já tinha passado por bandas como Scorpions, Kiss, Skid Row, mas nada tinha preparado ele para o que seria
o Mötley Crüe. Ao mesmo tempo que ganhavam dinheiro, perdiam massivamente com drogas, festas e prejuízos de suas destruições por onde passavam. Doug Thaler, sócio de Doc, também passou por tudo isso, mesmo sendo cortado do filme “apesar de ser um cara legal, só
para encurtar a narrativa”, como explica a narração de Mick Mars dentro do próprio roteiro.
The Dirt é o resumo de tudo que aconteceu de bom e de ruim com a banda. Mas mais que isso, mostra que não foi pelo status, não foi pelo dinheiro, não foi para pagar o inglês das crianças. Tudo que faziam era apenas porque eles eram o Mötley Crüe.
Nota: 7,5 / 10