por Ed Jr.

Os Brinquedos Mágicos (Tea Pets), produção chinesa escrita e dirigida por Gary Wang – empresário de muito sucesso e fundador da Light Chaser Animation, estúdio responsável pelo projeto –, é a “nova” animação que chega aos cinemas brasileiros com algum atraso: o filme foi apresentado e divulgado em 2017! ¬¬ 

Nathan é um bonequinho de porcelana feito para a coleção de chá de um tradicional mestre chinês. As obras do mestre mudam de cor quando o chá quente é despejado sobre elas, seguindo o costume oriental de dispensar o primeiro gole em homenagem a criaturas, mas não é o caso de Nathan. Por ser a única peça da coleção que não muda de cor, ele é muito zombado pela turma. Quando aparece uma chance de ir para o futuro com um robô em formato de bola e descobrir o mistério de sua impossibilidade de mudança de cor, Nathan e Futurobô saem em busca de respostas. Nas aventuras do caminho, os dois se deparam com coisas que não esperavam, como o rato vilão chamado Raio, mas também descobrem o verdadeiro significado de amor e amizade.

É bastante difícil sair do básico em animações infantis: personagens que ganham vida longe dos olhares humanos + algum tipo de jornada autoconhecimento ou resgate + lição de moral no encerramento. Pronto, temos um filme (não necessariamente um bom filme!). Com alguns trejeitos de “Toy Story”, Os Brinquedos Mágicos não foge à regra.

Visualmente falando, a animação não deve nada para as hollywoodianas, entretanto, o roteiro deixa um pouco a desejar. A premissa começa interessante com Nathan querendo entender seu lugar no mundo e o motivo de ser ‘diferente’ (é inevitável fazer comparações aos atuais contextos étnicos, religiosos, sexuais, etc), porém, ao longo do filme, tal premissa se perde e nos deparamos com a futilidade do objetivo do bonequinho a medida em que notamos que sua intenção não é fugir dos padrões impostos e ser aceito pelo que é, e sim tentar se modificar/adequar ao modelo para fazer parte do grupo. Poderiam aproveitar bem melhor esse ponto e passar um outro tipo de mensagem…

Além disso, alguns plots e diálogos são mostrados de maneira superficial e apressada, sem causar qualquer tipo de apego ou sentimento no espectador. Talvez façam mais sentido na versão original, já que o filme, pensando na audiência nacional, passou por adaptações de roteiro e dublagem. Ainda assim podemos destacar negativamente a participação de uma personagem feminina que serve somente pra ser a donzela em risco… Em pleno século 21!

Como citado, a qualidade técnica da produção é notável. A animação é muito bem feita e as várias sequências de ação ressaltam o bom trabalho dos estúdios chineses, ainda que algumas dessas cenas aparentemente tenham sido apresentadas justamente para comprovar a parte visual do filme. Uma pena que só isso não compense as outras falhas.

Em suma, para ser e merecer destaque num mundo cheio de excelentes animações, você precisa apresentar algo inovador, além do básico. Os Brinquedos Mágicos pega uma coisinha de “Toy Story” aqui, um detalhezinho de “Wall-E” acolá e junta tudo com algumas boas questões sociais que poderiam (e deveriam) ser muito melhor exploradas. A sensação final é de uma capa bonita e vistosa para pouco conteúdo. Pode até ser divertidinho e garantir duas horinhas ali, mas nada além disso.

Nota: 6/10

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