Review: Doutor Sono (2019)
por Ed Jr. Doutor Sono (Doctor Sleep), filme de terror e fantasia dirigido por Mike Flanagan (“Hush: A Morte Ouve”, seriado “A Maldição da Residência Hill”), é a sequência direta […]
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por Ed Jr. Doutor Sono (Doctor Sleep), filme de terror e fantasia dirigido por Mike Flanagan (“Hush: A Morte Ouve”, seriado “A Maldição da Residência Hill”), é a sequência direta […]
por Ed Jr.
Doutor Sono (Doctor Sleep), filme de terror e fantasia dirigido por Mike Flanagan (“Hush: A Morte Ouve”, seriado “A Maldição da Residência Hill”), é a sequência direta de “O Iluminado” – produção de 1980 e uma das mais famosas de Stanley Kubrick –, ambas baseadas em livros homônimos do mestre Stephen King*.
Ainda extremamente marcado pelo trauma que sofreu quando criança no Hotel Overlook, Danny Torrance (Ewan McGregor, “Star Wars, Episódios I, II e III”) lutou para encontrar o mínimo de paz. Essa paz é destruída quando ele conhece Abra (Kyliegh Curran), uma adolescente corajosa com um poderoso dom extrassensorial chamado de Brilho. Ao perceber instintivamente que Dan compartilha seu poder, Abra o procura, desesperada para que ele a ajude contra a impiedosa Rose Cartola (Rebecca Ferguson, “Missão: Impossível – Efeito Fallout”) e seus seguidores, que se alimentam do Brilho dos ‘iluminados’. Ao formarem uma improvável aliança, Dan e Abra se envolvem em uma batalha de vida ou morte não só contra Rose, mas também contra fantasmas do passado.
O elenco conta ainda com Carl Lumbly (Dick), Zahn McClarnon (Papai Corvo), Cliff Curtis (Billy), Carel Struycken (Vovô Flick), Emily Alyn Lind (Andi Cascavel), Jacob Tremblay (Bradley Trevor), entre outros.
Já dissemos algumas vezes por aqui que continuações são sempre complicadas. Continuações de clássicos então… E a difícil tarefa de Doutor Sono é ‘só’ ser a sequência de um dos filmes de terror mais aclamados de todos os tempos, “O Iluminado”. Podemos dizer que a tarefa até que foi bem cumprida, ainda que não dê para classificar essa sequência como terror.
O competente diretor Mike Flanagan, conhecido por sua atenção e detalhismo ao desenvolver os personagens, impõe seu estilo desde o início da narrativa, com um ritmo lento e picotado, focando na história de Danny sem deixar de mostrar paralelamente várias outras histórias igualmente detalhadas (não é pra menos que a produção tenha aproximadamente duas horas e meia de duração). O roteiro traz alguns jump scares pontuais e poucos momentos de horror, seja com gore ou violência mais explícita, mas trabalha com excelência o jogo psicológico e a disputa entre Rose e Abra invadindo a mente uma da outra – um deleite visual de cenas em câmeras abertas.
Ponto positivo para o diretor também ao, além de estabelecer seu estilo, se aproveitar de muitos elementos do filme de Kubrick, inserindo inúmeras referências (a trilha sonora é praticamente copiada) e recriando várias cenas do Hotel Overlook. Infelizmente, a trama se passa em espaços abertos de diferentes cidades, perdendo aquele clima de tensão claustrofóbica e apresentando momentos de mera apreciação de paisagens.
O talento do elenco é inegável e não há o que criticar. Como destaques: Ewan McGregor, sempre competente e carismático, entrega um ótimo protagonista, vulnerável e traumatizado no início, mas que encontra uma motivação para lutar contra seus fantasmas; Rebecca Ferguson na pele de uma vilã sedutora, cruel e docilmente manipuladora, que mostra suas fragilidades ao ser atacada; e Kyliegh Curran, que rouba a cena como uma criança que aprende a lidar com um dom, passa a controlar esse dom e transita com muita naturalidade de caça/ingênua à caçadora/corajosa.
Doutor Sono não é assustador, mas é uma boa aventura de fantasia com algumas cenas que se aproximam do terror. Junta vários elementos de “O Iluminado” – o terceiro ato é um fan-service gigantesco feito basicamente de easter eggs – e se mostra uma boa produção, ainda que não faça jus à toda expectativa.
Nota: 7,5/10
PS: é bem recomendável (re)assistir O Iluminado antes de Doutor Sono!
*O escritor desaprova totalmente a adaptação feita por Kubrick e faz questão de protestar contra o filme e as mudanças feitas na trama e nos personagens.